TRÊS ALMAS, UM DESTINO!

Num segundo, os três balões foram cortados.

Em resposta, as auras foram tingidas de preto.

Um turbilhão de reminiscências aflorou,

Como que, revendo toda a vida num instante,

As três almas não compreendiam o momento.

Os caixões perfilados, as flores em coroa...

Condolências póstumas de parentes distantes

E amigos que jamais se apresentaram como tal.

Copiosamente as lágrimas escorriam a dor.

A indignação cobria os olhos lacrimosos.

Há poucos segundos passeavam de carro

E num instante seguinte a escuridão total.

A morte fora repentina, os mortos olhavam

Toda a movimentação do velório,

Mas não percebiam porque estavam imóveis,

Acondicionados naqueles sisudos caixões.

O cortejo fúnebre amputou qualquer chance

De retroagir ao tempo, tratava-se de morte.

A cova aberta, os caixões, a cova fechada.

O tapete de grama verde selou o ato silencioso.

Algumas flores sobre a terra vermelha

E a costumeira homilia ensandecida do pároco.

Então, as almas entreolharam-se e assentiram

A concordância triste da interceptação da vida

No adeus final, diante da incógnita do fenecimento.

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 22/07/2005
Código do texto: T36889