Sol de Outono
Estou te esperando, e você ainda nem se foi... A sensação de tudo mais quente, mais perto e breve.
Quando as pegadas forem só um novo ritmo, lembre-se que elas já foram o próprio caminho.
Quando as telhas não mais sussurrarem, lembre-se que elas já foram a única palavra a seguir.
A diferença entre todos esses céus, é que a gente só tem um pra pisar.
Palma, palma, palma... Ouve alguém clamando os Deuses com as mãos?
Um pouco mais de calor, um tanto só a mais de maus humores... E eu até cogitei fazer uma pobre rima com os rumores dos nossos horrores.
A diferença entre os nossos outonos, é que o meu dura a vida inteira.
Nós já fomos melhores nisso, nós ainda seremos bons em ser péssimos e ótimos em ser maus.
Anda, vem, levanta desse problema e calça tuas anarquias que ninguém vai esperar pelo sabor real da vontade.
Quando você vier, não esquece aquele sorriso que eu gosto. Presta atenção que eu já reformei meus braços pra te acomodar melhor. E olha bem, que eu encomendei uma caixa daquela sensação que te faz tão bem. Te farta que é tudo nosso e é questão de tempo. O mundo tá por aí chorando e nem vai dar pela falta da nossa infelicidade.
Como um último suspiro pode ser tão longo e teu olhar tão cheio de suspiros?
Quando teus erros forem condenados, faça lembrar que isso era a coisa mais próximo do acerto.
Quando coseguir mais um punhado de problemas ria! Quando tiver de dançar, ilumine. Quando tiver de aplaudir, também grite. Quando tiver de escapar alcance. Quando tiver de mudar, palpite!
E as pessoas vão se ultrapassando, fazendo suas viagens, encostando no que podem, ferindo veículos desconhecidos. E nós seremos lembranças parados num sol gostoso, se aquecendo de um frio azul.
Vai estar tudo meio amarelo fraco, e o campo sob nossos pés será a perdição mais alta, gastando aos poucos a estação que se apaga.
Quando tiver de amar só um pedaço pequeno e fraco... Eu estarei por aqui esperando como inteira fortaleza.
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Douglas Tedesco - Maio de 2012