Meu Matulão

Amanheceu

Em mim...

Pouco sol

Esperava eu

Raios mais aquecidos.

Repleta e inteira - eu

De amores guardados

Inchados,

Doídos,

Não gritados,

Não matados,

Abafados,

Chorados,

Calados,

Sem tocar,

Nos teus cabelos.

Sem cheirar

O teu cheiro menina.

Sem o olhar

Nos olhos de luz...

De fé

Que não possuem mais

Os meus.

Guardo tudo, então

No pano da noite.

Num matulão

Gigante

Do tamanho

Do que não tem.

E mal posso dar um nó

E furo embaixo

Bem pequenino

Só aceitas assim...

E pingo a represa

Sobre ti

O meu Amor

Em conta-gotas.

E ainda espero

O desejo teu

De passar embaixo

E deixar pingar

Sobre ti

As minhas gotinhas

Da represa

Do meu Amor

Que chega a doer

O peito,

A garganta em nó.

É pesado...

O pano da noite,

O matulão.

Mas torna-se afável...

Haja que esperar-te

É sentir-me plena

E longe de tudo.

Perto apenas

Deste inefável

Amor.

Karla Mello

14 de Maio de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 14/05/2012
Reeditado em 14/05/2012
Código do texto: T3667321
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