PARA ALÉM DA SAUDADE... ESTÃO NO CÉU... NOSSAS MÃES
No mundo da física elas não podem nos fazer presença, mas o tempo todo elas estão em comunhão com o nosso destino e em nossa capacidade de amar sem condicionamentos.
Saudades de nossas mãezinhas... que fizeram parte do nosso encontro com Deus e enriqueceram nossas existências na forte e sincera intenção de observar nossos passos e nos conduzir para a impressão de valores cada vez mais autênticos.
Quando recordo dos seus cuidados... lembro-me das vezes que fiquei doente e sua preocupação era exagerada pela profunda simpatia da minha cura. Bastava o meu frágil corpo sentir suas mãos calejadas de trabalhar e a filosofia do amor exercia em mim o milagre da recuperação.
E creio que toda mãe possui uma revelada força sobrenatural da amorosa paciência que Deus lhe deu, característica que na lei da natureza, cria condição própria para que o filho seja cada vez mais, independente das circunstâncias da vida.
Somente a mãe representa bem o papel que o “Grande Autor” compreende. E na arte em cena seus ramos amadurecem sobre o contorno do céu, para que no cosmo tudo se baseie numa síntese viva concebida de beleza e poesia.
Pessoalmente, olhando para trás, numa época de maior harmonia, lembro-me de ouvir a minha mãezinha ditar sempre ao cair da tarde, para minha avó já falecida, um poema de Junqueira Freire:
A Órfã na Costura.
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor
Seu cabelo era tão louro,
Que nem fita de ouro
Tinha tamanho esplendor
Suas madeixas luzidas
Lhe caiam tão compridas
Que vinham aos pés beijar
Quando ouvia as minhas queixas,
Em suas áureas madeixas,
Ela vinha me embrulhar
Também quando toda fria
A minha alma estremecida,
Quando ausente estava o sol,
Os cabelos compridos
como fios aquecidos
Serviam-me de lençol.
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era todo o meu amor,
Seus olhos eram suaves
Como o gorjeio das aves
Sobre a choça do pastor
Minha mãe era mui bela
Eu me lembro muito dela,
De tudo quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era tudo e tudo meu!
Os meus passos vacilantes
Foram por longos instantes
Ensinados pelos seus,
Os meus lábios mudos, quedos,
Abertos pelos seus dedos
Pronunciaram-me: - Deus
Mais tarde quando acordava,
Quando a aurora despontava,
Erguia-me sua mão
Falando pela voz dela,
Eu repetia singela
Uma formosa oração.
Minha mãe era mui bela.
- eu me lembro tanto dela,
De tudo quanto era seu!
Tenho em meu peito guardadas,
Suas palavras sagradas,
Cos risos que ela me deu.
Estes pontos que eu imprimo,
Estas quadrinhas que eu rimo,
foi ela que me ensinou:
As vozes que eu pronuncio,
Os contos que eu balbucio
foi ela que mos formou.
Minha mãe! diz-me esta vida,
Diz-me esta lida,
Este retrós, esta lã:
Minha mãe! diz-me este canto;
Minha mãe! diz-me este pranto;
Tudo me diz: - Minha mãe -
Minha mãe era mui bela,
- Eu me lembro tanto dela,
De tudo quanto era seu!
Minha mãe era bonita,
Era toda a minha dita,
Era tudo e tudo meu!
E sempre deixava rolar uma lágrima teimosa.
Dedico a todas as mães que, foram carinhosamente levadas pra Deus esse texto.
Que a luz divina esteja sempre presente, onde elas estiverem e que seus filhos jamais se esqueçam de tamanho amor e dedicação!
Fim desta, C. Silva da Silva - Akeza.
Agradeço sua presença de sol e lhe desejo de boa sorte, prosperidade e a paz de Cristo.