SAUDADE

A partida não é só um ato, um momento

É uma mudança de estado emocional

Não é só um afastamento corporal

E muito menos uma atitude impessoal

É o desenlace do encontro cordial

E quem parte corta o cordão umbilical

Partindo o nosso coração ao meio

Acertando ele em cheio, sem receio

Ficando somente o devaneio

De lembranças no pensamento que floreio

Saudade não é algo que trapaceio

Saudade não dá pra quantificar

E muito menos explicar

E se pudéssemos comparar

É semelhante a uma dor estomacal

Dor constante, lá dentro, descomunal

Lembrando-me de uma saudade abissal
     
Do abraço, do aperto de mão samaritano

Relações humanas do nosso cotidiano

E o mais importante, o calor humano

Saudade parte o coração dos que ficam

E, mesmo separados por um oceano

O sentimento que nos une é soberano

E não custa nada um interurbano

Para então proferir sem engano:

“Que saudade de você, preclaro fulano.”