BRECHÓ
Basta-nos revolver lembranças rotas,
penduradas em cabides da história,
para que o pêndulo do tempo traga coisas notas
adormecidas e dobradas ,na memória.
Coisas (sem importância?)enxovalhadas,
pelo esverdeado mofo do momento,
deixadas à esmo,quase que jogadas
num baú de lembrança e esquecimento.
O olhar oblíquo de mulher apaixonada
e o riso íntimo,anterior e amante...
Lágrimas de despedida,sonho dissonante
em tardes cor de âmbar ,em meio ao nada.
Apenas um antiquário de momentos,
lugar de pedra , lágrima , sentimento...
Entre vestidos de sêda pura , chapéus de crepe
a vida reaberta assim ,exposta em leque.
O véu da noiva, sutil e transparente
que de esperança de afeto se esgarçou,
longe adormece, é velha semente
das juras do amor eterno,que findou.
Letra cursiva escrita em vãos de memória
cartas de amor jamais entregues .
Lembranças escorrem e contam história
dos empoeirados sonhos das mulheres.
E esse espectro mundano que insiste,
a atravessar solene os pátios ermos
sabendo-se sobra do que não mais existe ,
a especular o passado e os seus termos.
Meu Deus,como tanto sonho e desejo
vão parar assim,em inertes prateleiras,
e despertam um dia, sem dó ,sem pejo,
a cobrar -nos a morte que lhes foi certeira?
MARCIA TIGANI_ maio 2012
UMA SEMANA POÉTICA PRÁ VC!
BRECHÓ