"ARRIMO DA MINHA VIDA"
Onde minha amada pode estar?
Como diz prolóquio popular
“Muita calma nessa hora”;
Nem pânico nem euforia,
Se ela foi mesmo embora,
Nada a fará voltar!
A falta que ela me faz,
Faz-me um rio seco na foz!
Sem ela não há sonho
E a realidade sem fantasia
É um monstro medonho!
Perguntas-me quem seria ela?
Se a amo tanto,
Que por ela derramo pranto?
Ora: ela é minha gueixa, minha donzela!
A dama dos sonhos e da fantasia,
Ela usa a língua com arte,
Ainda que fale palavra de baixo calão,
Nunca perde o respeito e o porte!
Que não a vejo e não a sinto
Já vai para o dia décimo quinto!
Se eu soubesse onde a levou este inverno,
Eu a buscaria até no quinto do inferno!
Não, não! Não falo de uma bela mulher,
Essa teve sua vez, busquei-a, ficou tão pouco,
Deixou-me, voltou,... quase fiquei louco!
Minha má sorte,... seja como Deus quiser!
Falo da dama de minhas noites de solidão,
Daquela que na dor e na alegria,
É-me segura companhia!
Oh! Certo ninguém pode saber,
Não é algo para se saber – há de sentir!
Ó Deus, sabes de quem falo!
Queres que me cale?
Antes, com um grito, o Mundo abalo:
Onde estás amada minha,... Oh! Poesia?