ELOS DO PASSADO

ELOS DO PASSADO

Luiza Porto

Do passado, queria tudo de novo

igual sem mudar uma virgula.

Cantaria fados com meu pai,

ajudaria minha mãe,

jogaríamos cartas a noite, ouvindo

rádio, para passar o tempo.

Fim de semana, casa da vó Rosa,

bolo de fubá quentinho, com cheiro de erva doce,

café preto um tiquinho de licor de aniz.

Depois na adolescência,

vestido de bolerinho

saia rodada e cintura marcada.

Bailes de formatura,

curtindo uma cuba libre,

dançar até as 22 horas.

Eram assim as festas de arromba.

Música e beijinhos, trocados no portão.

No meu baú, uma carta de despedida,

uma flor seca.

Foi o que ficou do primeiro amor.

Hoje ouço aquela música,

e recordo com saudades, um amor tão singelo

e distante.