Dama da noite
Quem é ela que vem me maltratar
Todas as noites?
Quem é ela cuja qual vejo a sombra
Atravessar os quatro cantos do meu quarto?
Afinal quem é para ter a ousadia
De me tirar de meu sono tão sereno
De me fazer vaguear noite adentro?
De me fazer tremer diante de sua presença
Você que vem sem pudor e piedade
Que me ataca sem prévio aviso
E que me arranca as forças
Deixando-me completamente vulnerável
E que me empurra abismo a baixo
Deixando-me sobre a sua mercê
De quem é o atrevimento de roubar as lagrimas
De me fazer soluçar até doer o peito
Aqui estou sentado em minha cama
Sobre o manto negro da madrugada
Sobre o sopro gelado da noite
Vou à busca de respostas
Mas nada encontro
Aumenta assim o meu tormento
Ela que insiste em se mostrar rebelde
Ela que ataca quando estamos sozinhos
Que machuca sem qualquer arma
Que nos trai maliciosamente
A companheira de corações solitários
Nossa velha conhecida de tempos remotos
Que vem nos tirar o chão
Que invade despretensiosamente a alma
Que vem brincar com os pensamentos
É ela não a duvida alguma
A criança a brincar
De dia calma a noite revolta
Quem é ela que me invade assim
Enfim chego ao fim de minha busca
Encontro à resposta a minha questão
É ela a saudade que visita meu coração
E que me deixa em completa aflição.