FOLHAS AMADURADAS DE OUTONO

por Regilene Rodrigues Neves

Jaz no outono folhas amadurada

No semblante da estação...

Poesia

Que ao longe avisto

Pelos cantos tristes

De um olhar sobre o infinito

Buscando a quimera longínqua

De um coração alagado de sentimentos

Molhados de saudade...

Partistes deixando céticos os versos d’alma

Que sem rima escorrem lágrimas sobre o vazio...

Lembranças tuas

No peito afagam carinhos

De um amor eterno

Na ternura de almas gêmeas

Intrínsecas de um afeto tênue...

Rasantes noturnos

Feitos de silêncio

Ainda sonham a poesia

De um soneto de fidelidade

Abraçado a alma

Enquanto suspiros de saudade

Lamentam tua ausência...

Promessas vêm numa frase

Que logo se perde...

Teu grito rascunha o papel

Que se junta a tantos outros

Jogados ao vento...

Entre átimos provo

Teu sabor ora lírico

Ora dramático pela longevidade

Das palavras consumidas

Em sôfrega saudade...

Te espero como quem espera

Chegar à primavera

Para florir os dias tristes

Do último inverno...

Ainda que encoberta em folhas ressequidas

Sinto a fragrância das tuas lembranças

Deitadas sobre o outono...

Em 14 de abril de 2012