A Flor de Mamãe...

Entre meinhas e chicletes escondidos

Abaixava-se eu menina

Nos canteirinhos descuidados

Do bairro em que nasci.

Sempre encontrei tamanha beleza

Nesta florzinha ou "casinha"

De formigas trabalhadeiras

Florzinha largada

À sorte de olhares inocentes

Cândidos...

Como os meus da menina que fui.

Nela encontrava eu a ti

Minha mãezinha.

Talvez quisesse eu guardar-te

Dentro deste miolinho

Cercar-te da textura aveludada

Das pétalas

Tão diferente da vida que cercava-te

Assim... Junto às formiguinhas rendeiras

Iguaizinhas a ti.

Seria como guradar

Ternura dentro da ternura.

Eu nunca soube o seu nome

Também de que serviria-me o nome

Se eu percebia além do seu nome?

Feliz carregava-as eu

Ela e as formiguinhas todas

A entregar-te esta ternura

Que nem de longe

Assemelha-se à mim.

Assemelha-se sim a ti

Irmã gêmea da alma tua.

E serás tu, minha mãezinha

A receber-me, um dia,

Com todas as florzinhas desta que te dei

Com o teu colo cheiroso de mãe,

Com o abraço que procuro sempre,

Com a certeza do que é eterno.

E colheremos juntas

Esta florzinha que não sei o nome

Mas que chamo-a

Com saudade latente...

A Flor de mamãe.

Karla Mello

13 de Abril de 2012

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 13/04/2012
Reeditado em 05/10/2017
Código do texto: T3610770
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