Saudades do meu Brasil
Inspirado na canção do exílio, busco nos seguintes versos por-me no lugar de Gonçalves Dias e, deste modo, procurar retratar o que ele sentiu e, por seu merecimento, homenageá-lo.
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá."
(Gonçalves Dias)
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Lá das Árvores frondosas,
Vêm Aves em revoada.
Das Florestas maviosas
Vêm Auras do Tudo em nada.
Lá do leito do meu Rio;
Do Orvalho (tão puro e frio);
Vêm as saudades serenas...
Quanta Lembrança esquecida!
Quanta História já vivida...
Nas Memórias... Tão pequenas!
Por que tudo que é passado
É vivido no Futuro?
Mais que ironia d'estado
Em Sentir frívolo e puro!
Parece ser o Presente
Aquele Passado algente.
Já vêm as lágrimas vãs!
Meu Deus! Que Horas bem lembradas...
Que belas Brisas deixadas...
Naquelas puras manhãs!
Como estala no Peito
O Farfalhar destes Ventos!
Como é incerto e suspeito
O Futuro em Pensamentos!
E, destes Sons retumbantes;
Daqueles Rumos errantes;
Tenho em Mente o que partiu!
Lembranças... Ao longe voam!
Passados ali ressoam...
Canções no Céu do Brasil!
Lembro-me daquelas Artes
Que o Tempo tem por ofício.
Reduzindo todas Partes
Ao fatal final do Início!
Daquelas fulgentes vagas
Que, pelas diversas Plagas,
Vão-se... Ao Tocar d'um Sineiro.
Que Memórias valerosas...
Que Palpitações saudosas...
Do febril Chão brasileiro!
Nada como a Terra madre!
Nada como a Terra amada!
Nada como a Voz do Padre
No fim das Tardes orada!
Oh! Minhas Ave-Marias,
Passadas em Alegrias,
Eram cheias deste Guizo!
Oh! Meu Brasil! Que saudades
Das tuas lindas Cidades...
Amo-te! Oh! Meu Paraíso!
Quando em chão desconhecido,
Mais saudades do meu Lar!
No exílio estabelecido...
Só penso naquele Mar!
Quando eu voltar ao meu Céu...
Sair deste fim cruel...
Ser-me-á vasto Festival!
Cantarei, com Voz sedenta,
D'entre a Garganta sangrenta,
Aquele Hino Nacional!
Do Ipiranga - aquele Grito!
Das Margens - aquele Canto!
Desta Pátria - aquele Mito!
Deste Ser - aquele Encanto!
Do Planeta - o novo Mundo...
Do Céu - o verde profundo...
Do meu Sol - a Liberdade!
Deste Berço - o Filho amado!
Deste Povo - o Reino dado!
Deste homem - a vil saudade...
Como estala no Peito
O Farfalhar destes Ventos!
Como é incerto e suspeito
O Futuro em Pensamentos!
E, destes Sons retumbantes;
Daqueles Rumos errantes;
Tenho em Mente o que partiu!
Lembranças... Ao longe voam!
Passados ali ressoam...
Canções no Céu do Brasil!
*Heptassílabos, Esquema rimático (ABABCCDEED)
30/03/2012