ALÉM DAS MONTANHAS

Impulsiono os meus sentidos,
Ouço o coraçao ribombar...
Saudade de um lugar,
Que nunca fui, mas, sinto ter ido,
Outra paisagem, outra margem, outro mar,
Saudade de um outro eu,
Além das montanhas das Gerais,
Errante, distante demais,
Das minhas vertentes,
Elásticas, democráticas, práticas,
Saudade da pluralidade,
Da plenitude, negritude, das sementes,
Da transparência, essência, do apogeu,
Das diversas sonoridades,
Do ar místico de felicidade,
Que de navio em navio se perdeu,
Saudade dos meus,
Saudade da mãe áfrica.


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SAUDADE

Conheço essa dor
Que tem por nom
Saudade...
Causada por amor
Puro sentimento,
Asa quebrada,
Ferida, geme,
Como cana
Empurrada pelo vento.
Quem não a canta?
Quem sua terra não chama?
Só quem não a ama,
Só quem não a sente,
Essa saudade infinda,
Confidente,
Que de longe me chama,
Me acena, contente.
Quando a vejo,
Tão longe, distante,
Sinto-me triste
E muito sozinha,
Adormeço
Com saudade dela,
Sabendo que ela,
Também sente,
Uma saudade minha...

(Ana Flor do Lácio)