AS COISAS QUE ERAM DELE

AS COISAS QUE ERAM DELE

Autor: Maurício Irineu

As coisas que eram dele

São lembranças que corroem,

Pela saudade que dói,

Da falta que ele me faz.

Olhando seus objetos,

Tudo, com muito afeto,

Faz chorar, com grande aperto,

O coração deste pai.

As coisas que eram dele

Trazem-me recordação;

Seja uma meia, um calção,

Que conservam seu odor;

O caderno, onde escrevia,

A sua caligrafia

Que tão fácil não se lia.

Meu filho era um amor!

As coisas que eram dele...

Os livros, onde estudava,

A bola que ele jogava

Com os amigos no terraço.

Tem as paredes marcadas;

E algumas telhas quebradas

Pelas tão fortes “boladas”

De um atleta sem espaço.

As coisas que eram dele...

De tudo que ele deixou,

Tem o seu computador,

“Amigo” que não largava.

Era um “fiel companheiro”,

Sempre ali o dia inteiro;

Só não o levava ao banheiro,

Na hora em que se banhava.

As coisas que eram dele...

A bicicleta, coitada...

Era meio desprezada:

Bem pouco a utilizava.

No vídeo-game, porém,

Andava a mais de cem

E “não tinha pra ninguém”,

Porque dele não largava.

As coisas que eram dele...

Lembro agora o seu aquário:

Dois peixinhos solitários,

Nadando, sem direção.

Pelo trabalho que davam,

Ele quase não zelava;

Deles bem pouco cuidava.

Só não faltava a ração.

As coisas que eram dele

Agora guardo comigo,

Muito embora não consiga

Vê-las, sem me emocionar

Sei que os dias passarão;

Os anos também virão,

Mas este meu coração

Não vai parar de chorar.

Foi-se embora o meu Branquinho...

Deus, para Si, o levou

Deixando profunda dor;

Foi feita sua vontade.

Sei que o meu Israel

Que é de Deus está no céu

Mas, é qual amargo fel

A dor da minha saudade.

(Eterna saudade de meu filho Israel Dayan – 12/09/92... 13/05/2005)

MAURICIO IRINEU
Enviado por MAURICIO IRINEU em 26/03/2012
Código do texto: T3576619
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