Se acaso ouvires
A perpassar pela janela
Um breve ruflar de asas...
Sou eu, a voar em alma
Sobre o ninho que foi nossa casa.
Não te assustes, a noite transcende
A paz do encontro, a vida passada
Que ainda voa, desencontrada
No peso do silêncio
Na ânsia da palavra.
Pois não resta um só poema
Caoaz de refazer a precisa estrada
Nem o amor mal entendido sabe
Como retornar a esperança extraviada.
Acreditei ter a força de gigantes
Senhor de passos continentais
Agora remôo remorsos conflitantes
A fé proclamadanão me vale mais.
Se acaso lembrares dos brancos dias
Riso dourado, rotineira alegria
Estende as mãos, entrega
A semente à mesma terra
Que nos resume e recria.
Inda que tuas sementes
Já não floresçam em meu chão
Guarda o perfume inconfundível
Do jardim incandescente
Do teu e do meu coração.