Vagas Lembranças....

Ali no canto- Junto da minha alcova,

Arde um velho toco de vela,

Na candeia alumia esta cova,

Defronte os umbrais da janela.

Fervilha o álcool, e a minha tez,

Cora qual um queimar de pejo,

Que alumia a macabra embriaguez

Do pulsar d’um vil desejo

E o sussurro do vento açoitando,

Os vidrais e a cortina cerrada,

A vaga visão- esta noite repousando

Era uma ilusão da musa amada!

Era ela, uma virgem de trato,

De lábios carnudos e ardentes,

Tenho-a em um porta-retrato

No ardor de lágrimas dementes.

Pobre mulher- se te amei,

Sabe Deus qual foi à tortura,

D’um cismar que a ti devotei,

(...)

De teu olhar em piedosa ternura!

E ainda sinto-te em tuas prosas,

No seu simples sorriso de marfim,

Neste aroma de virgens rosas

Orvalhadas no perfume do jasmim.

Mas se um fragmento em saudade,

Por hora brotar entre os dedos,

Haveria de regressar na sua mocidade,

E contar-me todos os teus segredos?

Ilusão!Banhei minha testa no pesar,

Que a fibra da alma consome,

E eu trêmulo, no incessante palpitar,

Na solidão murmuro teu nome!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 24/03/2012
Código do texto: T3572547
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.