SOLIDÃO NA CASA GRANDE

Casa sempre cheia

De contagiante alegria

Gente que chegava, gente que saia

Sempre alegres vozes

Tanto de noite como de dia

Na grande sala aconhego

Dos compadres e das comadres

Dos parentes e amigos

Casa sempre cheia

Cavaleiros que lá se apeia

Casa grande de gente alheia

Dos alegres gritos das crianças

Do meu pai a fala mansa

Da mamãe que não se cansava

Com as comadres se deleitava

Fogão de lenha crepitante

Aquecia o frio num instante

E também o coração da gente

Num cantinho o leite quente

E o café bom de pilão

Eram tantos os que se viam

Na casa da animação

Quando a mãe então fadigada

Prum cantinho se apartava

Dos seus muitos afazeres

Se escondia e descansava

Mas assim que melhoravas

Ao batente logo voltavas.

E assim era a nossa casa

Muita movimentação

Havia sempre aos que chegavam

Uma boa recepção

Ver a casa sempre cheia

Dava alegria ao nosso coração.

Hoje cheguei de mansinho

Fui visitar minha mãe

Ja sabia o que esperava

Uma triste solidão

Vim de longe visitá-la

Queria muito abraça-la

Entrei de mansinho

Verifiquei devarinho

Tão sozinha e num cantinho

Segurava sua bengala

Recostada na almofada

Para o nada ela olhava

Decerto ouvia vozes

De anjos que a visitava

Pois o que restou na casa grande

A saudade do que foi um dia

Uma vida de muita alegria

E o peito não mais esconde.

FATIMA KALIL
Enviado por FATIMA KALIL em 13/03/2012
Reeditado em 13/03/2012
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