TERNURA DA MINHA INFÂNCIA
Minha memória da infância
‘Stá longe, quase apagada
Neste cantinho do peito
Pela saudade velada.
Meu Pai, minha Mãe, quem dera
Lembrar-me dos seus carinhos!
Nesse tempo a madressilva
Perfumava os meus caminhos.
Da casa onde nós morámos,
Bem defronte da estação,
Via o comboio chegar
E aquecer meu coração.
Era meu Pai regressando
De volta do seu emprego,
Cansado de trabalhar
E ansioso por sossego.
Eu sempre lhe abria a porta
Pra o receber com meu beijo,
Ele a sorrir se curvava
Pra eu cumprir meu desejo.
E a minha Mãe adorada
Revia-se na ternura
Desse momento diário,
Seu momento de ventura!
Lisboa, 28.10.06