Do devaneio (ou das lembranças vividas por imagens)
Já se foi o tempo
O tempo em que caia na vala do esquecimento e apagava da lembrança tudo aquilo a atormentar os sentidos...
Tempos em que ser menor significava ser feliz
E o maior tolo é o adulto que se esquece disso
E mata a sua criança a afogando em trabalhos e deveres
E assim vive atormentado por fantasmas e aliviado por ocupações
numa marcha sem fim, desesperada rumo a lugar nenhum
Até o dia em que o devaneio do impossível o atinge
e se depara com imagens desbotadas, apagadas de um passado não tão distante..
A mente então viaja por alguns minutos notando algo de familiar naquelas imagens, mas sem saber afirmar com certeza o que....
Olha, olha e olha
até o momento em que descobre aquela que poderia ser a mais simples das verdades escondidas debaixo de um terno, gravata e uma pasta cheia de trabalhos:
O sorriso de uma criança
Mais ainda, o sorriso de si próprio desaparecido há tanto tempo
Não à toa descobre em si a pessoa
A máquina então pifa
E o ser humano derrama então as lágrimas de sua redenção...
Andarilho das sombras