CASINHA PEQUENA
GILBERTO BRAZ ALMEIDA
Casinha pequena,
casinha pequena.
Ao lado da bica d’água,
perto de um riacho
onde as saracuras cantavam:
Quebrei três potes!...
Quebrei três potes!...
Quantos potes as saracuras
teriam quebrado
na cabecinha tenra
do menino poeta?
Casinha pequena,
casinha pequena.
Ladeada pelo paiol de milho
e o forno caipira,
onde um pão caseiro fumegava...
Que gostosura!...
Quanta fartura!...
Casinha pequena,
casinha pequena.
A última da colônia.
Jamais me esquecerei
do fogão de lenha,
do banco de madeira,
das lamparinas
e do colchão de palha.
Casinha pequena,
casinha pequena.
Os porcos grunhiam no chiqueiro,
as galinhas cacarejavam no terreiro,
as vacas mugiam no curral
e o vento soprava
nos galhos da paineira.
Casinha pequena,
casinha pequena.
Tão aconchegante,
tão modesta!...
Do tamanho do mundo
hoje é a minha saudade.
Casinha pequena,
casinha pequena.
Os ingratos
que te levaram ao chão
destruíram sem piedade
o abrigo modesto e simples,
onde nasceu o poeta.