ASSIM ELA O AMAVA...



Havia naquele rosto
algo em fuga
e, estando concentrado
um quase imperceptível
tremor nas sobrancelhas...
à pele, lago em arrepio à brisa
emoções ondulando
aos acasos

Assim ela o amava
dedicado e absorto
a procura das palavras
(pra ela...)
eram dela aquelas vibrações
aquele enlevo dele...
Como o amava, então!

Deixava-se ficar sem pressa...
apenas captar aquele vago
tremor na fronte dele
e aquela inocência
presumida
os olhos baixos...
apenas saciar-se
de emoção e zelo
bêbada em goles fartos
trêmula e contida
suspensa...
Mordaças de venturas!
Momentos em
que, assim, absortos
a  alma flui
peregrina
e se aconchega...
Brandura em cálice
precioso líquido
de vida
Armadilha!
No teu rosto o mapa
da melhor morada
que não me foi
pertencida 
e eu amando 
em ti
o que meu pensava ser
e eu amando em ti
a minha 
própria vida...