ERA TÃO VERDE A MINHA TERRA
GILBERTO BRAZ ALMEIDA
Tudo era verde na minha terra.
Os trovões eram como carrosséis
trepidando nos morros.
As enxadas degradavam ruidosamente
arredondadas pedras milenares.
Os brados dos roceiros varavam
pesadas nuvens no céu
e as chuvas abençoadas
anunciavam felpudas contas bancárias.
Tudo era verde na minha terra.
As minas d’água borbulhavam
nas fraldas das ribanceiras.
Os matagais não paravam
de crescer no cafezal,
os seleiros se abarrotavam
até o teto de imensa fartura.
Tudo era verde na minha terra.
As saracuras brejeiras
Anunciavam dias e noites chuvosas.
Os riachos bufavam com as cheias
e a vida se perpetuava no meu rincão.