Uma Voz Escondida

Quem era aquela pessoa que andava pela praia ao fim do dia?

Parecia uma ilusão que surgiam no mistério,

Olhando para as nuvens de tons laranjas,

Imaginando um lugar secreto e perfeito... Poderia aqui existir?

Sempre haveria algum fragmento que o fizesse real,

E através dele, buscar as trilhas no meio do desconhecido.

Deveria lembrar-se de tudo?

Apenas duas palavras parecem satisfazer sua saudade?

Mas são indecisas demais... Não querem ter escolha.

Deveria chorar por algum motivo?

E no final de um dia, tudo que mais ama parece magoar.

São coisas que vão além de nossas fronteiras,

Correm para bem longe de nossos medos,

E ficam perdidos no meio do mar... Onde não voltam.

Muitos ainda perguntam se ela está no dia seguinte,

Mas seu silêncio parece convencer de algo imprevisível.

Se ao menos quisesse dizer palavras de desabafo,

Mas somente olha para o horizonte,

Deixa o mar molhar seus pés,

Abandona as horas do dia que passou.

Depois que o sol se pôr, para onde ir?

Deitaria na areia que a noite esfria,

Deixaria o vento cobrir seu fôlego,

E as ondas tocassem seus pés até o amanhecer.

Será que o café da manhã estaria na mesa?

Talvez frutas e biscoitos servidos na varanda.

Sei que nada pode esperar e por isso ela nada espera.

Pois está longe de tudo,

Só tem as horas contadas pelo pelo sol que aos poucos desaparece,

Deixando-a sozinha na noite...

E como numa prece, cruza as mãos e as beija,

Já não há mais lágrimas em seu rosto,

E o sorriso transforma a suavidade,

Revolve seus segredos mais profundos,

Enlaça a voz e a saudade.

Por onde ela andaria?

Apenas foi embora e nada disse,

Talvez apenas quisesse desaparecer de tudo que a magoava,

Ou apenas amava demais aquilo que acabara de perder.

Imagino-a ainda andando pela praia ao amanhecer,

Sorrindo...

Enquanto vejo ela ir embora sem olhar para mim,

Sem ver o pôr-do-sol outra vez.

Gabriel Russelle
Enviado por Gabriel Russelle em 18/01/2007
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