BRAMIDO DE SAUDADE
Não vejo o sutil vulto do escuro
Irrompendo em minha nobre alma.
Vejo apenas o sopro do sussurro
Dos seus lábios aliviarem-me em calma.
Não vejo farpas de arames em minha volta
Impedindo-me de andar livremente.
Mas vejo um lídimo horizonte na escolta
Dos meus anseios que cultivo tenazmente.
Não vejo tempestades frívolas de arrogância
Inebriarem meus sentidos por dentro ou por fora.
Mas vejo o fino idílio da minha infância
Crescer em cada halo de um verso de agora.
Não vejo um súbito objeto do meu desejo
Tomar-me o sentido da límpida sensatez.
Mas vejo um singelo toque de um beijo
Levar-me a um efêmero estado de embriaguez.
Não vejo nenhuma grande e altiva distância
Que possa fanar a esperança de uma procura.
Mas vejo um sorriso alargar-se em abundância
Colocando-me ao alcance de uma simples candura.
Não vejo uma pequena nesga de solidão
Invadindo o meu peito por estar sozinho.
Mas vejo um bramido de amor no coração
Por estar cheio de amigos em meu caminho.
Não vejo mágoas, nem raiva, nem lamento.
Só vejo virtudes que são minhas verdades
Com as alegrias que moldam meu sentimento...
Só vejo o melhor para vestir minhas saudades.