Improvável

Aquela porta ainda tilinta ao abrir

Todavia apenas no âmago

Da mente que não desprende

Dois degraus que elevam

Ou suspiram no arder da incredulidade

Quando os afagos desfalecem

A angústia arrebata seus pudores

E aquela manta que me cobria

Já não existe mais...

Aquela face defronte a vida

Austera e meiga todavia

Em seus dias de glórias

Encenou ao som do cuco

Ou do ruído de um telefone antigo

Quiçá da vitrola quente que gemia

Todos os desmandos

E os artifícios do amor

Aquelas tortas tão doces

Eram delírios gustativos

De grande afronta aos deuses mais altivos

Que jamais sentiram o mel

A chuva atormenta o caminho

Aquele velho Porto Alegre a Osório

Que dantes os baguais trotavam

E velozmente transgredimos já

Até o flete motorizado

A tantas léguas busquei

E tantos meses levei

Para com ele unir a tua face

Imagineis vós aquele outro trecho

Da rota romântica até Canela

É palpável eu sei, mas me atemoriza

Quando tua voz já não ecoa

Junto aos vales felizes

Que agora são cavernas, buracos

E as cascatas lágrimas e tormentas

É improvável nem sei se sei

Que os mesmos sabores regressem

Ou que novos sejam equivalentes

Contudo teu norte irá mostra-me

O galgar desse hemisfério

O sul também do despautério

E o coração do velho...o refrigério!

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Adam Poth
Enviado por Adam Poth em 06/02/2012
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