Improvável
Aquela porta ainda tilinta ao abrir
Todavia apenas no âmago
Da mente que não desprende
Dois degraus que elevam
Ou suspiram no arder da incredulidade
Quando os afagos desfalecem
A angústia arrebata seus pudores
E aquela manta que me cobria
Já não existe mais...
Aquela face defronte a vida
Austera e meiga todavia
Em seus dias de glórias
Encenou ao som do cuco
Ou do ruído de um telefone antigo
Quiçá da vitrola quente que gemia
Todos os desmandos
E os artifícios do amor
Aquelas tortas tão doces
Eram delírios gustativos
De grande afronta aos deuses mais altivos
Que jamais sentiram o mel
A chuva atormenta o caminho
Aquele velho Porto Alegre a Osório
Que dantes os baguais trotavam
E velozmente transgredimos já
Até o flete motorizado
A tantas léguas busquei
E tantos meses levei
Para com ele unir a tua face
Imagineis vós aquele outro trecho
Da rota romântica até Canela
É palpável eu sei, mas me atemoriza
Quando tua voz já não ecoa
Junto aos vales felizes
Que agora são cavernas, buracos
E as cascatas lágrimas e tormentas
É improvável nem sei se sei
Que os mesmos sabores regressem
Ou que novos sejam equivalentes
Contudo teu norte irá mostra-me
O galgar desse hemisfério
O sul também do despautério
E o coração do velho...o refrigério!
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