Memória

Meus delírios naufragaram:

como lírios no cais

a vida breve,

singela

como os girassóis

passageiros

vigiam as noites.

Califas no harém

a velha memória

dos cabarés

- quase esquecidos -

No fundo,

o desejo,

ceifa a poesia

em sangue

e nasce do escuro

taciturno

a noite

imersa em sonhos

- sem nome -

Brusca e profunda

ela engole

e vice e versa.

Os olhos negros

escondidos

no intervalo

das envergaduras;

solidão,

poeira dúbia

na chuva

cicatriza

a alma.

(Verônica Partinski)

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 15/01/2007
Código do texto: T347992
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.