SAUDADE
O sol poente no espelho deste rio
Faz refletir o vôo dum passarinho
E apenas o vento traz um assovio,
Enquanto o vazio me faz de ninho.
Os olhos marejados de lembranças
Ainda pensam que estais por perto
Vão te buscando pelas vizinhanças
Entre oásis que se fizeram deserto.
No alçar da vida, asas escondidas
Fere-me o brilho de foscas visões.
São vestígios de noites comovidas
Nos molhados lençóis de emoções.
É a metade que arrancaram de mim,
Deixando-me a dor e o sal deste ar.
Num porão gélido, escuro e sem fim,
Sou ente na corrente a se agonizar.
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Giovanni Pelluzzi
São João Del Rei, 30 de janeiro de 2012