OLHOS DA POESIA
Autora: Regilene Rodrigues Neves 


O verso é triste sem rima
No tempo o silêncio...
As palavras se fecham numa cortina
De sentimentos obtusos
O devaneio passa longínquo
O corpo
Resvala-se no vão da alma
O corpo jogado
A mente ausente
O cenário triste
No abandono
De um quadro...

Uma mulher
Em beleza frágil
Sentencia sua dor
A lembrança
Escapa em flores
De margaridas colhidas
Na tentativa
De ofertar sonhos
A saudade do amado...

As paredes são mórbidas
As teias de aranha
Invadem o tempo...
Tentando apagar
A memória,
Os pensamentos furtivos
Que aquecem a meiguice...

Cerca a imaginação
O pintor e a poesia
De uma relação intrínseca
Escorre um pingo da tinta
No papel do poeta...
A mistura
É um matiz abstrato
Mas cuja vida se alimenta
Nas margaridas
A pintura ainda molhada
Das lagrimas da emoção da poesia
Cria-se um elo
A alma em profusão da imagem
Retrata o mensageiro
Que traz amor e recordações...

O cenário é tecido
Nas paredes velhas
Na jovem de traços puros e saudosos...
No abandono
Ainda presente nas margaridas
Colhidas para entrega da alma
Ao amor e a poesia...