Eu fui tua em uma noite
Guardei o que você disse sussurrando ao meu ouvido,
guardei no peito para tentar esquecer a dor que bate na porta da saudade.
Dor sem remédio,
dor que não cessa,
dor que não tem pressa.
Pressa com efeito,
sem cura e sem defeito.
Amor constante para mim que não sei viver,
sonho torturante sem destino para acontecer.
Eu corro do meu mar,
eu fujo para o teu prazer,
eu me perco e me encontro sem entender porquê.
Não vá, fique mais.
Sinta o meu acalentar,
esquente o meu desespero,
abandone o teu cômodo,
faça nada mais fazer sentido,
corrompa o meu cheiro...
Esse cheiro suado daquela madrugada,
em que tuas mãos me tocaram,
tua paz me invadiu,
e a tua ofegante respiração me acudiu.
Noite encantada em que a lua fez amor com o sol,
noite que rompeu a manhã,
pois ali estava eu e você na conjugação do prazer.
Guardei o doce som da tua voz falando bem baixinho
o que somente eu precisava saber e ouvir...
guardei, para mais uma vez acalmar essa saudade do que fomos por instantes na memória do tempo,
porque jamais voltaremos a ser o que o universo registrou
em sua plena infinitude.