+ Fim +
Quisera poder libertar-me de mim e continuar a vida,
mas o que pondera entre a vida e a morte é justamente o poderio de ainda sentir,
inda que o nada se faça em transbordamentos.
Isso é um nada antológico se tornando um tudo que redunda, fazendo afogar-me,
um tudo belo, torpe, egoísta e amável,
fazendo-me ser, não ser, levando-me ao intento de sofrer por ter e por sequer ter-me.
Essa vazão- fusão,
faz-me tonta, besta, acuadamente sem chão.
Temente de mim, dos medos que por ventura virão,
com medo do que veio e foi.
Esse derramar de saudade com carinho faz-me parte e parto,
dando a luz diariamente a aflita angústia, ao transtornado anseio,
a pedaços de mim em todo canto.
Quisera poder livrar-me do desencanto que teu encanto fez-me,
porém, seria perder deste jazigo de sobrevida o que mais me trouxe perto de uma existência farta,
e se o que me falta é tua presença em carnes e risos faceiros,
também me falta em espírito e alma se é que as duas são duas e não um uníssono perfeito.
No entanto esse não ter-te resultando no perder-me em sombras,
conduz-me a voltar os olhos para a presença suave de lembranças em brasa,
ateio fogos nas cinzas e recordo-te com dores desmesuradas,
choro-te de todas as formas já choradas,
pranteio-nos de todas as formas por mim suportadas.
Sucumbo, a murcha alma em morte,
acatando o ponto do fim, as cortinas fechadas...