+ Fim +

Quisera poder libertar-me de mim e continuar a vida,

mas o que pondera entre a vida e a morte é justamente o poderio de ainda sentir,

inda que o nada se faça em transbordamentos.

Isso é um nada antológico se tornando um tudo que redunda, fazendo afogar-me,

um tudo belo, torpe, egoísta e amável,

fazendo-me ser, não ser, levando-me ao intento de sofrer por ter e por sequer ter-me.

Essa vazão- fusão,

faz-me tonta, besta, acuadamente sem chão.

Temente de mim, dos medos que por ventura virão,

com medo do que veio e foi.

Esse derramar de saudade com carinho faz-me parte e parto,

dando a luz diariamente a aflita angústia, ao transtornado anseio,

a pedaços de mim em todo canto.

Quisera poder livrar-me do desencanto que teu encanto fez-me,

porém, seria perder deste jazigo de sobrevida o que mais me trouxe perto de uma existência farta,

e se o que me falta é tua presença em carnes e risos faceiros,

também me falta em espírito e alma se é que as duas são duas e não um uníssono perfeito.

No entanto esse não ter-te resultando no perder-me em sombras,

conduz-me a voltar os olhos para a presença suave de lembranças em brasa,

ateio fogos nas cinzas e recordo-te com dores desmesuradas,

choro-te de todas as formas já choradas,

pranteio-nos de todas as formas por mim suportadas.

Sucumbo, a murcha alma em morte,

acatando o ponto do fim, as cortinas fechadas...

Avida
Enviado por Avida em 13/12/2011
Código do texto: T3387315
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