Não fosse o sol

Viver vale tanto quanto o ser se pode amar

E meu ser é todo amor

Pois aprendi que, mesmo em dor, posso voltar

E no topo, com minhas decisões

Jurando medo, ou minhas confissões...

Beijando sangue

Está tudo que disponho

E nada me prende

Sou dono da minha liberdade

Concedo-a a mim, quando bem me quero

Difícil é render seu próprio coração...

Preocupado com o coração dos outros

Ter “certeza” do que se sente

Na espera do vão alheio não mais existir

E eu sou assim

Não disse que era fácil

Nem disse que é bonito, feio, ou azul

A complexidade da minha face...

É solta ao mundo, como eu sou

Não sou dado, sou conquistado

E não sou tudo, mas pratico intensamente o meu “talvez”

Um quase poliglota bêbado de sono da sorte

Mas apostando alto

Com as fichas sempre ardendo

Eu sei onde estou pisando

Mas, mesmo assim, às vezes, tenho medo

Às vezes eu sonho com a tarde em que vi alguém me ver

E dá saudades

Às vezes nenhuma coisa me alivia essa saudade

E dá raiva

Meu ser é tão amante, coitado...

Sofre tão angustiado...

É horrível viver sempre com essa impressão de que...

Falta tão pouco, e que vou ser feliz.

Daniel Sena Pires – Não fosse o sol (11/12/11)