Os garotos drogados da Praça XV

Os garotos drogados da Praça XV

Que dormem no gramado da Caixa Econômica Federal

Não se importam com o frio gaúcho

Nem com a crise na zona do Euro.

Os garotos drogados da Praça XV

Com seus ídolos do século passado

Com seus sonhos primitivos de viver em harmonia

Com a estrada, a natureza e alguns bons amigos.

Um cachorro e um cavalo.Talvez.

Me lembro quando eram apenas três

E o futuro parecia ser um garrafão de vinho.

Mas a mãe escondeu a bebida alcoólica

E os garotos se formaram em

Medicina, direito e engenharia.

Lá se foram todos aqueles gênios

Aqueles olhares cheios de chamas

Que desafiavam o homem

Por um pedaço de terra

Por uma gota de sangue

Por um beijo de garota.

Ainda posso sentir o peso nas tardes

Nas ruas desertas

Nas calçadas vazias

E posso reconhecer

Nos retratos das paredes

Aqueles sorrisos implacáveis

Que roubavam o brilho da lua

E diziam a todo Oceano

Que somente eles eram

Inabaláveis.

Pobres garotos perdidos em tarefas

Em paradigmas

Em sonhos pequenos depois dos 17

Cheios de livros, cadernos e roupas sociais.

Desmaiando pelas esquinas

Sem comida e sem dinheiro

Arrasados por estudarem a noite inteira.

E não são mais super heróis

Que compunham aquelas canções

Inspiradas em ídolos de séculos atrás.

Os garotos drogados da Praça XV

Que dormiam no gramado da Caixa Econômica Federal

Hoje são homens distintos

Ricos e intelectuais

Mas perderam aquele espirito

Que os tornavam Imortais.

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Porque crescer não é de fato evoluir. Obrigada novamente Senhor Silvério B. por ter desencadeado a ideia.

E dou esta poesia a todos os garotos da calçada da escola, que mais que bem sucedidos, vocês continuem sendo aqueles HERÓIS!

Caroline Mello
Enviado por Caroline Mello em 03/12/2011
Código do texto: T3369482