Os garotos drogados da Praça XV
Os garotos drogados da Praça XV
Que dormem no gramado da Caixa Econômica Federal
Não se importam com o frio gaúcho
Nem com a crise na zona do Euro.
Os garotos drogados da Praça XV
Com seus ídolos do século passado
Com seus sonhos primitivos de viver em harmonia
Com a estrada, a natureza e alguns bons amigos.
Um cachorro e um cavalo.Talvez.
Me lembro quando eram apenas três
E o futuro parecia ser um garrafão de vinho.
Mas a mãe escondeu a bebida alcoólica
E os garotos se formaram em
Medicina, direito e engenharia.
Lá se foram todos aqueles gênios
Aqueles olhares cheios de chamas
Que desafiavam o homem
Por um pedaço de terra
Por uma gota de sangue
Por um beijo de garota.
Ainda posso sentir o peso nas tardes
Nas ruas desertas
Nas calçadas vazias
E posso reconhecer
Nos retratos das paredes
Aqueles sorrisos implacáveis
Que roubavam o brilho da lua
E diziam a todo Oceano
Que somente eles eram
Inabaláveis.
Pobres garotos perdidos em tarefas
Em paradigmas
Em sonhos pequenos depois dos 17
Cheios de livros, cadernos e roupas sociais.
Desmaiando pelas esquinas
Sem comida e sem dinheiro
Arrasados por estudarem a noite inteira.
E não são mais super heróis
Que compunham aquelas canções
Inspiradas em ídolos de séculos atrás.
Os garotos drogados da Praça XV
Que dormiam no gramado da Caixa Econômica Federal
Hoje são homens distintos
Ricos e intelectuais
Mas perderam aquele espirito
Que os tornavam Imortais.
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Porque crescer não é de fato evoluir. Obrigada novamente Senhor Silvério B. por ter desencadeado a ideia.
E dou esta poesia a todos os garotos da calçada da escola, que mais que bem sucedidos, vocês continuem sendo aqueles HERÓIS!