A Vida das Rosas

Acordei e percebi que tudo está em silêncio e frio.

O vazio grita ao som da nossa maldita música.

Repetindo-se incansavelmente em meu pensamento.

Tortura e mutila-me com seus versos.

Cada nota, uma lembrança.

Cada momento, uma lâmina.

Só resta ouvi-la, ouvi-la, ouvi-la...

Ouvi-la até a exaustão.

Até a dor dar lugar ao cansaço.

Até cessarem as lágrimas.

Até perder as forças.

E não significar mais nada.

Se pudesse sumir, já o teria feito.

Mas a falta de egoísmo é meu grande defeito.

Essa mesma ausência que me impede de odiá-lo

Pelas feridas que sem querer me reabriu.

E a que me faz recordar com afeto,

ainda dolorosamente,

A doçura daquele sorriso de olhos rasgados.

As gotinhas de vida

Insistem em chover em mim neste dia cinza.

E assim como a beleza das rosas

Que tanto prezo por não arrancarem

Foi perfeito e singelo

Enquanto foi eterno.

Para G.S. – 28/11/2011

Gizely Amorim
Enviado por Gizely Amorim em 29/11/2011
Reeditado em 30/11/2011
Código do texto: T3363052
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