PAI ABDIAS
(Saudades, meu pai, saudades!!! Grande labuta, trabalhou duro desde menino na construção da Ferrovia. Já havia perdido o pai, meu avô, de quem herdei o nome).
Pai Abdias!
Levantava antes do sol,
No orvalho da manhã,
Com o cantar dos passarinhos:
Sabiá, pássaro preto, bem-te-vi...
Ainda menino ajudava em casa.
Cresceu, construiu família,
Comprida, 12 filhos.
Trabalhou duro, deu escola,
Viu todos se formarem, se casarem...
Missão cumprida!
Pai Abdias!
Jogou bola, era lateral.
Gostava de uma cachacinha
E um cigarrinho de palha
Como bom sertanejo.
Voltava do trabalho alegre
Cantarolando pelo caminho
Sempre uma canção caipira.
Suas preferidas:
Moreninha linda, Caminheiro,
Colcha de retalhos, Mula Preta,
Coro de boi, Poeira vermelha...
E tantas outras que retratam
O Sertão, a luta, a labuta
E o sentimento do sertanejo.
Pai Abdias!
Grande pai; bom marido,
Rígido na educação,
Porém amigo e companheiro;
Brincalhão e sempre alegre
Com um sorriso maroto.
“Seu Bia”, como era conhecido.
Vai nesse canto o abraço
De quem o viu em ação,
No sol, na chuva,
Na poeira deste chão,
Com a força de seus braços,
Do solo tirando o sustento, o pão.
“Carro de boi lá vai, andando pelo estradão, com suas grandes rodas fazendo, profundas marcas no chão, vai levantando poeira, poeira vermelha, poeira... poeira do sertão...”