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APENAS UM BOTÃO DE FLOR
(Sócrates Di Lima)
Uma noite de novembro silenciosa,
Sonidos da chuva aguça meu pensamento,
Minha memória tenebrosa,
No medo febril do esquecimento.
Dois corpos no aconchego do jardim,
Coberto por flocos de neve,
A noite fosca dentro de mim,
A luz da solidão nem se atreve.
E agora minha alma gélida e trëmula,
Perdida ás voltas de um banco vazio,
Onde o vento sacode feito flâmula,
Trazendo desassossego ao coração frio.
E a noite que se esconde ao som do sino,
Traz a neve de uma noite sem natal,
Remete a saudade do homem menino,
Ao dezembro, numa outra noite igual.
E a noite num vazio preenchido em neve,
Luz tosca reluzindo anoite sem ela,
Basilissa partiu e a saudade se atreve,
Se intalar em mim na ausência dela.
E ao olhar para traz num vazio sem fim,
A neve caindo sobre os bancos onde haviam juras de amor,
Deixa a saudade de alguém que fora para longe de mim,
Deixando ao chão como lembrança, apenas um botão de flor.