Saudade, anverso e reverso

Saudade, emoção malvada
dói sem ferida ser vista
é uma dor que vem abafada
consumindo sem deixar pista

Saudade, sentimento pungente
que tácita me faz chorar 
cravando minha alma silente
como um algoz a torturar

Saudade que me sobejou
de ti e do que outrora vivemos 
dilacerante é para mim sua dor
ao lembrar o que já esquecemos

Saudade já tão bem cantada
em hinos, prosas e versos
a minha só eu posso revelar
o seu anverso e reverso  

Saudade é ter o que já não se tem
é o apego do pensar o que se viveu
é a ilusão de reter algo ou alguém
é a quimera do que ainda há de ser meu

Saudade, hoje te ponho ao vento
com tuas folhas secas amassadas   
leva contigo meus lamentos
que ao menos de ti, eu não sinta saudade.




 
Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 08/11/2011
Reeditado em 18/03/2012
Código do texto: T3324119
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