Brinca menino
Brinca menino triste
no paiol desmantelado,
nas ruínas do cercado,
no coberto do monjolo.
Brinca, que ainda existe
muito sonho a ser lembrado
muita história do passado
muita planta neste solo
muito peão e muito gado
brinca que eu me consolo.
Brinca menino esperto
nas becas do milharal,
no galpão e no curral,
no meio da capoeira.
Mas brinca aqui por perto,
na sombra do bambual,
seu brinquedo habitual.
Na copada da mangueira.
Brinca, brinca no quintal
que a vida é uma brincadeira...
Deixa menino arguto
deixa agora os seus brinquedos,
não revele os seus segredos,
guarde a tua sapiência.
Vai colher da vida o fruto
e enfrentar os seus medos
vai compor outros enredos,
conhecer outra ciência.
Se gastar noutros folguedos
e enterrar tua inocência.
Vai meu pobre menino
no caminho perigoso.
Estudar, ficar famoso.
Que este mundo é todo seu.
Vai cumprir o seu destino.
Vai ser pai, vai ser esposo.
Vai sofrer, vai sentir gozo.
Vai ser rei e ser plebeu.
Só não fique pesarozo
se o seu futuro for eu.