"LUGAR VAZIO"
Uma notícia
Apressada, ligeira,
Uma notícia...
Não rotineira.
Ela morrera.
Não mais virá.
Partiu, fugiu
Para o além mar.
Não sei, quem sabe,
Talvez, pode ser:
O céu, o inferno...
Quem poderá dizer?
Agora se sobra
Um banco, uma cadeira.
Um lugar, que outrora
Te fez cativeira.
No diário, um número
A mais ou a menos: riscado,
Não importa, se suporta,
Não se ignora, se é guardado.
Na cadeira uma sombra.
Na sala um sussurro.
No eco da brutalidade
A palidez do além mundo.
Os amiguinhos sinceros,
Discretos – crianças –
Sentiram e mentiram
Seguir em bonança.
Verdade se viu,
Quem foi, assistiu,
A mudança; o sorriso
Em lágrimas assumiu.
O vazio de apenas um
Que não veio,
Nem virá mais!
Partiu sem recreio.
Engraçado!
Nem a mim, avisou-me.
Foi-se.
Autoridade negou-me.
Os pássaros lá fora
Agora nem ligaram.
Cantaram, pularam
E não choraram.
São certos ou não,
Quem sabe?!
Chorar, por quê?
Quem acaba de morrer:
Ela – que partira, ou
Eu – que ficara a sofrer...
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(ARO. 1974)
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