Tristeza boêmia III

Vozes cortam o silêncio da minha noite,

E sem ao menos saber o meu destino,

Ponho-me eu a perambular por ruas e docas mansas.

Meus olhos, que fitam o infinito,

Pouco a pouco vão se entregando ao ritmo das ondas,

Num vai e vem tão eterno quanto a ultima palavra no leito de morte.

Oh mar! Quantos mistérios guardas nesse teu límpido azul?

Serão maiores do que os que minha amada guarda em seus lábios?

Serão em maior numero do que os que minha amada segredou-me por entre a madrugada?

Confessa-me, oh mar bravio desta noite impetuosa, que ela nasceu de teu ventre!

Confessa que ela foi só mais um dos teus presentes para mim, por que assim poderei,

Descansar quieto.

Foi perdido em tuas aguas, que eu a encontrei na primeira vez, que eu a amei pela primeira

Vez e que eu a deixei pela ultima vez.

Foi nas areias de tua praia que eu dormi no calor dos braços da paz, e acordei ao lado da

Solidão.

Dize-me então, amigo, te arrependestes do teu presente? Fiz-me assim tão ausente de tua

Presença?

Não posso aceitar esse fato que é motivo para meu lamento, e por isso ei de me jogar em tuas aguas profundas.

Mesmo não sabendo nadar me lançarei em tuas mais profundas aguas, e assim, caro amigo,

Tenhas certezas que não morrerei, mas apenas acordarei deste sonho tão confuso que é a vida.

Felipe de Oliveira Ramos
Enviado por Felipe de Oliveira Ramos em 03/11/2011
Código do texto: T3314767
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