:::: A MULHER DO MEU VERSO :::::
O medo é o carrasco dos meus castigos
E a noite o bálsamo da minha imensidão.
Deito a noite sobre o meu corpo ferido
E sinto no meu peito o cálice da solidão.
Vejo no mar um barco partindo
E no deserto minha desolação.
Sinto na pele meus leves delírios
E choro a morte em minhas mãos.
Meus versos gritam a dor que sinto no peito,
Mas de vazio corpo sinto minha alma desabar.
Eu não posso ser a guerra em que me deito
Muito menos essa treva que vem me sufocar.
Mas de que me servem tantas palavras
Se estou preso a um verso solitário?
Eu nunca mais tornarei às águas
Que me deram o pranto de salário!
Mas não posso vencer. Não, não posso vencer.
Isso que me domina não sou eu, mas é a vida.
Posso fugir, gritar... Posso até mesmo morrer,
Mas para onde irei se da nau só há uma partida?
Estou acorrentado às fontes da minha essência
E deitado na guerra das meus sonhos ternos.
Arranque de mim o véu da vaga eloquência
E deem-me a mulher que faz meu verso eterno...