CORAÇÃO NORDESTINO
Quando deixei Nordeste foi com dor no coração,
Mesmo sem saber pra onde iria,
Saudades eu já sentia.
Rosto queimado pelo farto sol,
Ressecava às lagrimas escassas de um olhar sofrido,
O pouco que havia vivido no sertão já supria minha alma,
O velho pau de arara seguia lentamente aos trancos e barracos.
Contrastava-se com a velocidade de meus pensamentos,
Aquela bucólica paisagem de natureza morta
Lembrava-me ao longe um quadro de Carlos Scliar
Formava-se em meus olhos uma grosseira janela de barro
Construída de lagrimas e poeira.
Nela via passar referencia inconsciente do semiárido,
O gado esquelético que se mantem em pé desafiando a lei da gravidade,
O sertanejo forte de fé inabalável em Deus e seus afins ...
A cana de caule fino e caldo doce.
Da rede na varanda de telhas furadas que deixavam
O brilho das estrelas estampados nas paredes.
Depois de me fartar com farinha e rapadura,
Matar a sede no pote de água de cacimba,
Escutar o cantar sofrido da passarada anunciando o alvorecer.
O peito sofrido cheio de dor por deixar você
Meu sertão tão longe dos olhos,
Mas sempre presente em meu coração.