A noite e a saudade
Bruxuleante do candeeiro a chama tímida
Que pela noite quase engolida e ainda assim
Iluminava a mente, o papel e a pena fina
Que insistia escrever um verso quase sem rima
Ao longe, no bambuzal, dançando ao vento
Cantava, a coruja, canção nefasta a exprimir-se
Em desencontradas notas em tão compasso lento
Que o próprio tempo, ao vento lhe fazia esvair-se
Em mim, a alma triste, na noite a espelhar-se
No silêncio que as vezes não cansava de chamar
Um nome que meus lábios tremiam ao murmurar
Um nome que a alma chorava soluçando ao lembrar
Dos olhos, por ela, duas lágrimas tristes a rolar
Uma mocinha, já nos lábios, ternamente a me beijar
Outra, pequena menina, ainda nos olhos a passear
Brincavam em meu rosto, de o rosto dela desenhar
Um grito na noite em que a aurora por mera teimosia
Ou, quem sabe, por capricho insistia em não chegar
E eu, por tanto amor, até juro que ali estava,
Na pálida luz do candeeiro, seus olhos a me olhar.