SAUDADE
(Sõcrates Di Liama)
A saudade que bate,
No vidro da janela fria,
Vem com a chuva que rebate,
No texto da poesia.
No lusco fusco do dia,
Ouço sua vóz me chamando,
Vai-se indo a fantasia,
Que na mente vem chegando.
E no silêncio dos olhos seus,
Meu sorriso se apaga,
No triste olhar dos olhos meus,
A saudade me afaga.
E o choro ensurdece meu coração,
No soluço que corta a alma em desassossego,,
Numa longa e larga incisão,
Mostrando a cor vermelha no veludo pêssego.
Ouço o choro da dor que rasga,
O véu que cobre a saudade viva,
Traz um gosto tão forte que amarga,
O sabor da dor que me saliva.
Ah! Que loucura que minha alma experimenta,
Na tristeza que de repente me assola,
Leva-me ao cálvario da tormenta,
Lacrimejando o sonho que me isola.
Já não sinto o tato do meu pensamento,
Nem o paladar da minha solidão,
Surdo e mudo neste momento,
Entrego á sorte o meu coração.
E no espelho o reflexo da imagem santa,
Simbolizada pela dor do amar em devaneios,
Chora triste escondido sob uma manta,
Que cobre o coração que geme em gorjeios.
E se eu sinto que ela ainda me ama,
Faço-me súdito desse amor com a maior vontade,
Posto que viva e incandescente chama,
Traz na voz de Maria, minha louca saudade.