Tempo Espaço

Minha gaita está guardada

em uma gaveta da minha estante.

Arquivada e evitada,

mas não esquecida.

A vida fez questão de nos separar.

Ela de mim.

Eu de você.

Isso não é desgosto, é apenas uma coisa que tenho a lhe dizer.

Você foi e dignamente,

me deu um abraço na despedida,

quis me confortar.

Saiu e pôs as chaves no mesmo lugar.

Você foi justa,

foi humana.

Foi ser feliz, está tão bem.

Saber disso me fez sorrir.

Parece até ter alcançado a paz,

deve ser felicidade,

mas eu não tenho a descrição.

Seus olhos estão com um brilho denso,

sua pele tem mais cor.

Seu cabelo está diferente,

mudou o corte, eu não sei,

nunca fui reparador.

Mas seu espírito

está sorrindo e vivo.

Eu consigo sentir

vendo essas fotos no seu álbum.

Sei que isso foi amor.

Evitar te procurar

Evitar te dizer adeus

Eu nunca vou te dizer adeus.

Eu perco o fôlego, meu peito dói.

Talvez por opção, respeito por você e por mim.

Talvez por aquela velha incapacidade, que fez você se afastar.

Que fez tudo se afastar.

Talvez seja uma esperança, um desejo de criança.

Calcado e largado no asfalto,

mas ainda vivo e respirando.

Você está tão bem.

Está melhor que eu.

E isso me fez bem,

isso me fez bem.

Um dia ainda volto a fazer música,

quando algo de novo me servir como apoio.

Já não sinto o chão abaixo dos meus pés.

Meus dedos gritam.

As cartas estão na mesa,

lágrimas e tempo servem de cura.

Seus olhos cansados,

sempre conseguirão me inspirar.

Tempo e espaço nos traz sensatez.

Lucas Mezz
Enviado por Lucas Mezz em 13/10/2011
Reeditado em 15/10/2011
Código do texto: T3274926