Tempo Espaço
Minha gaita está guardada
em uma gaveta da minha estante.
Arquivada e evitada,
mas não esquecida.
A vida fez questão de nos separar.
Ela de mim.
Eu de você.
Isso não é desgosto, é apenas uma coisa que tenho a lhe dizer.
Você foi e dignamente,
me deu um abraço na despedida,
quis me confortar.
Saiu e pôs as chaves no mesmo lugar.
Você foi justa,
foi humana.
Foi ser feliz, está tão bem.
Saber disso me fez sorrir.
Parece até ter alcançado a paz,
deve ser felicidade,
mas eu não tenho a descrição.
Seus olhos estão com um brilho denso,
sua pele tem mais cor.
Seu cabelo está diferente,
mudou o corte, eu não sei,
nunca fui reparador.
Mas seu espírito
está sorrindo e vivo.
Eu consigo sentir
vendo essas fotos no seu álbum.
Sei que isso foi amor.
Evitar te procurar
Evitar te dizer adeus
Eu nunca vou te dizer adeus.
Eu perco o fôlego, meu peito dói.
Talvez por opção, respeito por você e por mim.
Talvez por aquela velha incapacidade, que fez você se afastar.
Que fez tudo se afastar.
Talvez seja uma esperança, um desejo de criança.
Calcado e largado no asfalto,
mas ainda vivo e respirando.
Você está tão bem.
Está melhor que eu.
E isso me fez bem,
isso me fez bem.
Um dia ainda volto a fazer música,
quando algo de novo me servir como apoio.
Já não sinto o chão abaixo dos meus pés.
Meus dedos gritam.
As cartas estão na mesa,
lágrimas e tempo servem de cura.
Seus olhos cansados,
sempre conseguirão me inspirar.
Tempo e espaço nos traz sensatez.