Desejos dos 16...
Reinvento em mim o sangue novo
Sobrevivo às crenças tão inexatas de antes
E vencidos sejam os infiéis
Os que já se lembraram de mim
E não me importa que sejam momentos feitos inteiros
Só não quero a caricatura dos ventos
A língua embolada dos dizeres sem sentimentos
Mantenham-se bem distantes os libertinos
De um tempo que era a cabeça mais segura
O que me resta é a sede de seguir calmamente
E quero mais dentro dessa aventura
Invento em longe o lugar de me abandonar
E só para quem quer me acompanhar
Eu crio para andarmos de mãos dadas
A solidão abstrata da respiração do ar
Aí quando vierem até mim sorrindo
Dar-lhe-ei a flor mais linda
De cores borradas em aquarela
Oferecer-lhes-ei o canto do Milton
E a expressão visceral que brotava de Elis
Mergulharei em pura poesia
Para ter o prazer de distribuir aos quatro cantos
Os escritos tão perfeitos da Clarice.
Venham comigo!
Mas só aqueles que tiverem coragem
Pelo amor de Deus.
Para aqueles que querem se deixar criar
Os que desejam mais que o mundo pode dar
Só para aqueles que me ligam sem precisar
Eu os salvo de mim mesma e dou-lhes calada
O que em mim parece mais sensato
Entrego-lhes de alma lavada todos os meus sentimentos
E podem brincar, com essa mistura tão densa;
Que nem eu mesma reconheço
Não peço nada para seus pensamentos
Apenas a vontade de sobrevivência
Para cairmos juntos dentro das águas profundas do mar
Abraçados para nunca esquecermos de sonhar.