SAUDADE III

A chuva parou e logo a luz branca da lua

Como num longo e brilhante tapete prata

Reaparecerá no asfalto molhado da rua

Onde, minutos atrás, pés molhados

Caminhavam no rumo da tua distância

Que meus olhos observaram com olhar

Ainda mais distante, triste e parado.

Poças d’água lavaram nossos passos

Como que a apagar nossas pegadas,

Nosso passado, vidas soltas no espaço

Promessas tolas, esperanças largadas.

Maldigo essa dor que me destrata

Dor que possui a dimensão exata

A distância dessa separação.

Aqui fora o mau tempo acaba

Termina a chuva e seu triste canto

Mas no peito a tempestade desaba

Inicio do desamor do desencanto

Surgem poças rasas nos olhos

Que logo precipitarão com vontade

Em imenso oceano de saudade.