ACALANTO
(Em memória de Elci Mendonça, o anjo que Deus enviou na terra para mostrar sua beleza).
Me ponho em tua frente sorrindo
Tentando esconder meu pranto,
Mas me olhas fundo nos olhos,
E consegue ver meu acalanto.
Tu sabes o que está acontecendo
Não se permite enganar,
Mas me engana fingindo que não sabe,
Faz isso, só para não me ver chorar.
Mas se em minha face o pranto não rolar,
Dentro de mim a minha alma chora,
E a angústia me dói fundo no peito.
Mas o que mais me apavora,
E o momento,
Em que irá chegar à hora,
E eu terei que me calar,
Por mais um instante,
E mesmo assim, conseguirá ver meu acalanto.
Gostaria de beijar-lhe a face
E secar teu pranto,
Calar o teu choro
E enraizar meu canto.
Gostaria de abraça-la agora,
De tê-la comigo,
De estar ao teu lado,
Afasta-la do perigo.
Mas o fim apresenta-se inevitável,
E cada vez se torna mais trágico,
Pois ele se aproxima.
Eu tenho medo de não ter mais forças para faze-la ficar.
Porque a tua dor me faz duvidar.
E a incerteza trás de volta o medo que me abriga;
Que não me dá forças para dizer fica,
Nem me dá coragem para deixá-la ir embora.
Eu não quero ter que me calar
E o choro acaba de se desentalar,
E já começa a brotar.
Neste momento é o depois
Que mais me apavora.
O silêncio ocupa todo o espaço,
E cala todo meu canto,
Agora eu só sei chorar,
Só faço derramar meu pranto.
Não consigo me controlar,
Tenho que gritar aos cantos,
Tenho que ouvir a minha voz,
Ecoando seu nome,
Sempre me lembrando;
Que você está presente
Em minha memória;
A tua face,
O teu sorriso,
O teu canto;
O teu olhar, tão doce me olhando,
Às vezes tão triste.
Cada vez que penso nisso...
Que estará distante...
Novamente,
Volta-me o choro (o acalanto).
Gostaria de abraça-la agora,
E nunca mais deixa-la ir embora.
Para não ter que derramar meu pranto
Mas ele agora
Já molha toda a minha face,
Sinto em dizer que agora é tarde.
Como pode você
Não aliviar meu pranto?