CREPÚSCULOS DESENHANDO O CÉU
Onde se esboçam os sorrisos
num mundo tao circunspecto
onde a tristeza impera
e as virtudes se foram?
Que é dos muitos abraços
outrora dados fraternos,
sem resquícios de malícia,
de doce expressão poética?
Onde andam os beijos sinceros
sem vis rasgos pornográficos,
a conter somente estigmas
de poesia, longe da maldade?
Cadê mãos amigas que afagavam
sem segundas intenções,
entrelaçadas tão-somente
com o fito de servir?
Não vejo ombros amigos
onde possamos deitar
a cabeça sem receio
de toques de langor,
onde os deixamos?
Já não descortino olhares
que outrora desciam
sobre nós com a pureza
do amor altruísta,
que se deu com eles?
Ficaram apenas como
recordação aqueles olhares
de romântica paixão
que ontem trocavam
os enamorados?
Sinto deveras saudade
de românticos luares,
emocionantes entardeceres,
lindos crepúsculos
desenhando o céu.