ALENTO
 
Talvez um dia não seja mais a dor, 
véu a cobrir a inquietude das mãos 
de quem sangra versos, 
consumido pela cicatriz da palavra 
que não pode ser pronunciada. 
Talvez um dia não seja mais o silêncio 
a resignar-se aos lábios do indisível, 
e possam os cristais de todas as letras, 
refletirem-se sem qualquer receio, 
nos olhos de quem se fez apenas saudade. 
Talvez um dia sem que se perceba, 
seja o acalanto da mansuetude, 
a rabiscar na música do destino, 
notas que cantem a vida 
de quem escolheu, o sentir como caminho.

No súbito sopro do vento do presente, 
abraço as vagarosas e tênues lembranças.

Eis meu indefectível alento.
 

Iara Franco
Enviado por Iara Franco em 26/09/2011
Reeditado em 26/09/2011
Código do texto: T3242791