LEMBRANÇAS
No espelho da minha vidraça,
a vida passa,
como um estranho carrossel
e meus olhos cheios de traças
não conseguem ver muita graça
em cavalgar nesse corcel;
em divisar no som dessa brisa
a falta de guarida
aqui, ali, em qualquer lugar.
Engulo com meu tédio
o sabor amargo do remédio
que é pra não me desesperar.
Vejo o tempo passando,
os ponteiros assinalando
veloz no atroz do abstrato;
convoco a tua lembrança
pelos ares que me alcança
teu semblante no retrato.