LEMBRANÇAS

No espelho da minha vidraça,

a vida passa,

como um estranho carrossel

e meus olhos cheios de traças

não conseguem ver muita graça

em cavalgar nesse corcel;

em divisar no som dessa brisa

a falta de guarida

aqui, ali, em qualquer lugar.

Engulo com meu tédio

o sabor amargo do remédio

que é pra não me desesperar.

Vejo o tempo passando,

os ponteiros assinalando

veloz no atroz do abstrato;

convoco a tua lembrança

pelos ares que me alcança

teu semblante no retrato.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 21/12/2006
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